O Coração de JESUS!

Postado dia 25/02/2016

 

Se o Salvador desvelava assim as belezas e as riquezas das Suas divinas Chagas à humilde Coadjutora, podia Ele deixar de lhe abrir os tesouros da Sua grande ferida de amor?

«Eis a Fonte onde deveis beber todos!» , dizia Ele, mostrando-lhe as Suas Chagas num esplendor luminoso, e a do Seu Sagrado Coração destacando-se das outras por um brilho incomparável:

«Vem aqui, à Chaga do meu Divino Lado… É a Chaga do Amor donde saem chamas bem vivas.»

Jesus concedia-lhe, por vezes vários dias seguidos, a visão da Sua Santa Humanidade gloriosa. Ficava então ao pé da Sua serva, falando familiarmente com ela, como outrora com a nossa Irmã Margarida Maria de Alacoque. E esta última, que nunca deixa o Coração de Jesus, dizia: «Era assim que Nosso Senhor se mostrava a mim», enquanto o bom Mestre reiterava os Seus amorosos convites:

«Vem ao meu Coração, deixarás de ter medo… Coloca aqui os teus lábios, para beber a Sua Caridade e derramá-la no mundo… Põe aqui a tua mão para vir buscar os meus tesouros.»

Um dia, expõe-lhe o Seu imenso desejo de espalhar as graças que transbordam do Seu Coração:

«Toma, porque a medida está cheia. Não as posso contar mais, tanto desejo tenho de as dar.»

Outra vez, é um convite a utilizar sempre estes tesouros: «Vinde receber o derramamento do meu Coração, que deseja fazer transbordar a Sua medida cheia! Quero lançar em vós a minha abundância, porque recebi hoje, na minha misericórdia, almas que foram salvas pelas vossas orações.»

A cada momento, e sob diversas formas, são apelos a uma vida de união com o Seu Sagrado Coração: «Mantém-te bem unida a este Coração para receber e espalhar o meu Sangue. Se quereis entrar na luz do Senhor, deveis esconder-vos no meu Divino Coração… Se quereis conhecer a intimidade das entranhas de misericórdia d’Aquele que tanto vos ama, deveis colar-vos à entrada do meu Sagrado Coração, com respeito e humildade.

Eis o vosso centro. Ninguém vos poderá impedir de o amar, nem fazer-vos amá-lo se o vosso coração não corresponder. Tudo o que as criaturas disserem não vos poderá tirar o vosso tesouro, o vosso amor!… Quero que Me ameis sem apoios humanos.»

Aqui, Nosso Senhor insiste, dirigindo a todas as Suas esposas uma premente exortação: «Quero que a alma religiosa esteja desapegada de tudo, porque para vir ao meu Coração não pode haver nenhum apego, nenhum fio que a una ainda à terra; deve-se ir à conquista do Senhor na intimidade exclusiva com Ele, de coração a coração; deveis procurar este Coração no vosso próprio coração.»

Depois dirige-se de novo à Irmã Maria Marta mas, através da Sua dócil serva, visa todas as almas, e mais especialmente as almas consagradas:

«Tenho necessidade do teu coração para Me desagravar e Me fazer companhia… Ensinar-te-ei a amar-Me, porque não o saber fazer; a ciência do amor de Deus dá-se à alma que olha para o Crucificado e Lhe fala de coração a coração. Em todas as tuas ações, deves estar unida a Mim.»

E Nosso Senhor fez-lhe compreender as condições e os frutos maravilhosos da íntima união ao Seu Divino Coração:

«A esposa que não se coloca sobre o peito do Esposo nas suas tristezas, no seu trabalho, desperdiça o seu tempo. Quando comete faltas, que ela se lance sobre o meu Coração com grande confiança. Nesta fornalha ardente desaparecem as vossas infidelidades; o amor queima-as, consome-as todas!… É preciso amar-Me, abandonar-Me tudo. Deveis repousar sobre o Coração do vosso Mestre como S. João. Dais-Lhe uma tão grande alegria ao amá-Lo assim!»

Ah, como Jesus deseja o nosso amor! Ele mendiga-o!

Aparecendo um dia em toda a beleza da Sua Ressurreição, disse à Sua bem-amada: «Minha filha, eu mendigo, como faria um pobre… Chamo os meus filhos um a um… Olho-os com complacência quando vêm a Mim… Eu espero-os!»

Tomando, de fato, o aspecto dum mendigo, repetia-lhe ainda, cheio de tristeza: «Eu mendigo o amor, mas a maior parte, mesmo entre as almas religiosas, recusa-Me este amor!… Minha filha, ama-Me puramente, por Mim mesmo, sem te preocupares com o castigo ou a recompensa.» Apontando-lhe a nossa santa Irmã Margarida Maria, cujo olhar «devorava» o Coração de Jesus: «Esta amou-Me com esse amor puro, e unicamente por Mim mesmo!»

E a Irmã Maria Marta procurava amar com esse mesmo amor. Como uma fornalha imensa, o Sagrado Coração atraía-a a Si por indizíveis ardores… Ela lançava-se para o seu Bem-Amado com impulsos de amor que a consumiam… mas que, ao mesmo tempo, deixavam na sua alma uma suavidade toda divina! E Jesus dizia-lhe:

«Minha filha, quando escolho um coração para Me amar e fazer a minha vontade, acendo nele o fogo do meu Amor. Contudo, não avivo este fogo sem interrupção, para que o amor próprio não ganhe alguma coisa e para que não se recebam as minhas graças por hábito. Retiro-me de vez em quando para deixar a alma entregue à sua própria fraqueza. Ela vê então que está sozinha… Comete faltas; estas quedas mantêm-na na humildade… Mas Eu não abandono a alma que escolhi por causa destas faltas, olho sempre para ela. Não sou assim susceptível… Perdôo e volto.

Cada humilhação une-vos mais intimamente a Mim. Não vos peço grandes coisas, quero apenas o amor do vosso coração.

Abraça-te ao meu Coração, descobrirás toda a Bondade que Ele está cheio. É aí que aprenderás a mansidão e a humildade. Vem, minha filha, lançar-te dentro dele. Esta união não é apenas para ti, mas para todos os membros da tua Comunidade.

É preciso que, pela humildade e pelo aniquilamento, os vossos corações se unam ao meu… Ah! Minha filha, se soubesses como o meu Coração sofre por causa da ingratidão de tantos corações! Deveis unir os vossos sofrimentos aos do meu Sagrado Coração.

Diz à tua Superiora que venha colocar nesta abertura todas as ações das tuas Irmãs, mesmo os recreios: Ficarão lá como num Banco e ficarão bem guardadas.»

Um pormenor comovedor, entre mil outros: Quando a Irmã Maria Marta fez o seu relado, nessa noite, não pôde deixar de interromper para perguntar à Superiora: «Minha Madre, o que é que significa a palavra Banco?» – Era a pergunta da sua cândida ignorância…

É ainda mais especialmente para as almas encarregadas de conduzir outras, diretoras ou superioras, que o Coração de Jesus se abre com Suas riquezas: «Tu farás um grande ato de caridade oferecendo todos os dias as minhas Divinas Chagas por todas as diretoras do Instituto. Dirás à tua Mestra que venha encher a sua alma à Fonte, e amanhã o seu coração estará cheio para derramar as minhas graças sobre vós. Darei a todas a graça de compreender as máximas do meu Sagrado Coração. Pelo trabalho e pela correspondência da alma, todas lá chegarão à hora da morte.

Minha filha, as tuas Superioras são as depositárias do meu Coração; é necessário que Eu possa colocar nas suas almas tudo o que Eu quiser de graças e de sofrimentos. Diz à tua Madre que venha buscar a estas Fontes (o Seu Coração e as Suas Chagas) para as tuas Irmãs…

Ela deve fitar o meu Sagrado Coração e confiar-lhe tudo, sem se preocupar com as opiniões dos homens.»