Eis o Coração que tem amado tanto aos homens:
Contemplai-o, saturado de opróbrios, nesta Hóstia, onde palpita inflamado todo em amor por vós. E não podendo conter mais os ardores que o consomem, quis este Coração divino dar-se ao mundo… ao mundo que o trespassa com a lança da ingratidão e da dor… É o supremo e último esforço da Redenção.
Na Hóstia tendes o meu Coração: douvo-lo, deixo-vo-lo, sem reserva, em troca do vosso coração ingrato e pecador…
Oh! Eu tenho sede, sede imensa de ser amado no Santíssimo, Sacramento do Altar… Tenho sido até agora o Rei silencioso, o Monarca esquecido… mas chegou a hora do meu triunfo… venho reconquistar a terra; hei-de reinar nela apesar dos esforços do inferno, e hei-de salvá-la pela onipotência do meu Coração. Aceitai-mo, eu vo-lo rogo… abri as vossas almas para receber este dom supremo da minha misericórdia redentora… Eu vim trazer o fogo à terra, fogo da vida e de amor sem limites; fogo de santidade, fogo de sacrifício; e que quero eu senão que se acenda.
“Lançai um olhar ao meu Coração dilacerado… este Coração que vos amou até ao aniquilamento de Belém, às humilhações e obscuridades de Nazaré… ainda mais… à espantosa agonia do Calvário… É este mesmo Coração, que tendo cessado de bater no Gólgota, continua a amar-vos, fornalha eterna de amor, na Santa Eucaristia…”
“E, todavia eu não sou amado!… Eis porque estou triste até a morte. Eis porque sofro as dores da agonia: a minha vinha predileta não produziu senão os espinhos, que dilaceram o meu Coração. Arrancaimos nesta HORA SANTA, hora de amor, para vós tão preciosa, tão doce para o Deus prisioneiro, que no seu Tabernáculo pede e espera o vosso amor!…”
“Morro de amor… Aproximai-vos; sustende-me nesta misteriosa agonia de vinte séculos, no meu Sacramento… Sede os meus anjos consoladores!…”
“Eu amo-vos tão ternamente!… Amais-me, vós, muito, meus amigos? Vós, meus privilegiados? Ah! O mundo desconhece as minhas finezas… rejeita a minha ternura… abusa da minha misericórdia.”
“Estou triste até a morte… vinde, eis o meu Coração que nunca deixou de vos amar… Vinde, tomai-o como penhor de ressurreição! Vinde, meus amigos, vinde e dai-me, em troca do meu, o vosso coração, a vossa alma, a vossa vida; dai-me as vossas penas e as vossas alegrias. Oh! sede inteiramente meus, todos!… Eu perdôo-vos, mas animai-me!… Dizei-me enfim que sou o vosso Rei, e que aceitais reconhecidos, o dom incomparável do meu Sagrado Coração.”
(PAUSA)
(Somos indignos de tal dom! Humilhemo-nos… mas porque Deus é tão infinitamente misericordioso, peçamos-lhe o dom celestial que nos oferece, que é Ele mesmo, para nossa santificação e sua glória).
As almas. — Jesus, não espereis que, cedendo ao vosso pedido, vos ofereçamos os nossos pobres corações. Tomai-os vós. São vossos… mas em troca dai-nos, para sempre, o vosso Divino Coração!…
Dai-nos, para sempre o vosso Divino Coração!
Por amor, da Virgem Maria, dai-nos o vosso Coração, Jesus, nas horas de fervor quando sentirmos o desejo ardente de vos amar e de sofrer como os santos!…
Dai-nos, para sempre o vosso Divino Coração!
Por amor do discípulo, amado, dai-nos o vosso Divino Coração, Jesus, nas horas de paz, quando gozarmos da doce tranquilidade duma consciência pura… ou perdoada…
Dai-nos, para sempre o vosso Divino Coração!
Por amor dos vossos amigos de Betânia, dai-nos o vosso Coração, Jesus, nas horas de angústia e pena, quando passarem em nossas almas as tormentas da dor!…
Dai-nos, para sempre o vosso Divino Coração!
Por amor dos apóstolos privilegiados do Tabor e de Getsêmani, dai-nos o vosso Coração, Jesus, nos instantes de gozo, e nas horas de agonia…
Dai-nos, para sempre o vosso Divino Coração!
Por amor de Madalena arrependida e das piedosas mulheres de Jerusalém, dai-nos o vosso Coração, Jesus, nas horas de humana fragilidade, ou quando nos estimula a graça do arrependimento…
Dai-nos, para sempre o vosso Divino Coração!
Por amor da Santa Igreja, dai-nos o vosso Divino Coração, Jesus, nas horas de luta, quando Ela nos pede o tributo do nosso zelo e do nosso sacrifício!…
Dai-nos, para sempre o vosso Divino Coração!
Por amor de S. Bernardo, S. Agostinho e S. Francisco de Sales, S. Matilde e S. Gertrudes, felizes percussores desta admirável devoção, dai-nos o vosso Coração, Jesus, nas horas das resoluções, quando nos pedis maior fervor!…
Dai-nos, para sempre o vosso Divino Coração!
Por amor da vossa esposa e primeira missionária, S. Margarida Maria, dai-nos o vosso Coração, Jesus, em todos os momentos da vida e, sobretudo no transe da morte!
Dai-nos, para sempre o vosso Divino Coração!
Oh! Sim, dai-nos o vosso Coração, Jesus, que seja a nossa vida, o nosso repouso, o nosso Céu. Não obstante a nossa indignidade, seja ele para nós, Jesus, com todos os seus tesouros de luz, de paz de força, pois neste santuário divino queremos aprender a amar-vos, a glorificar-vos. — Jesus, vós já nos destes a cruz… a vossa Mãe… o vosso Sangue… Oh! Dai-nos deste este exílio, e para sempre, o paraíso do vosso Coração: com ele não ambicionaremos mais nada, nem no céu nem na terra.
(PAUSA OU CÂNTICO)
(Peçamos a graça da fidelidade e da generosidade, para corresponder ao Senhor pelo dom incomparável do seu Coração divino. Supliquemos-lhe que desde esta HORA SANTA nos envie uma nova luz, uma grande luz, para conhecermos a amabilidade e largueza infinita dum Deus, que nos oferece a fonte mesma da sua vida. Humilhemo-nos, confiemos nele, e, sobretudo amemos aquele que nos amou tanto… Escutemos a sua voz…
Jesus. — “Vós chamais-me Senhor e Mestre, e dizeis bem, porque o sou. Mas aqui no tabernáculo sinto-me feliz escravo do homem, por amor do homem ingrato!… Feliz em vos chamar aos pés do meu altar, em solicitar o vosso amor, em dar-me a vós.”
“Eu sou o Senhor, o Rei do céu e da terra e procuro a minha satisfação e consolo no meio de vós, flores do campo, grãos de areia do deserto… Porém amo-vos tanto, que cheguei a criar-me uma divina necessidade de vós. Sem vós que me tendes ofendido… sem vós, que me tendes deslembrado, sem vós, filhos pródigos da minha casa, eu, Jesus não posso viver… sem vós, remidos com o meu sangue… O meu céu seria a falência do Filho do Homem, se não vos tivesse como diadema de amor. Custastes-me muito!…”
“Reconhecei-o, vós ao menos, preferidos do meu rebanho; proclamai-o nesta HORA SANTA, pois que o mundo não quer crer neste meu grande amor! Dizei-me vós que aceitais o tesouro do meu Coração divino, em atenção a mim, para o meu triunfo, para a minha glória, porque eu, Jesus, o Deus do Tabernáculo, criei o coração humano para repousar nele, para o transformar no éden de todas as minhas delícias… Sou o Deus da Eternidade, e o meu Coração, precisa de vós aqui no tempo. Sim, preciso de conviver convosco, como meus irmãos!… Estou cansado, ferido e triste: não vos demoreis, vinde com grande amor, e oferecei-me, com fé viva, uma hospitalidade de ternura, de fé viva, uma hospitalidade de ternura, de fé ardente, de caridade, consoladora, nas vossas almas… Eu sou Jesus!… tenho fome de vós: falai-me, abri-me o vosso coração, amai-me, amai-me sem medida!”
(Nos viemos para lhe falar, abrir as nossas almas e dar-lhas, abrasadas em amor… Que confissão aquela de Jesus! Dizer que precisa de nós! Mendigar um amor que lhe é devido!… Respondamos-lhes com um ardente protesto de amor: é o nosso coração que precisa dele).
As almas. — Vendo-vos, ó Jesus, tão acessível e bom, em vez de exclamarmos como o apóstolo: “Retirai-vos de nós que somos miseráveis pecadores!…” Vimos ao vosso encontro para estreitar mais a feliz intimidade do vosso como o nosso coração.
(LENTAMENTE E COM PAUSA)
Vinde, ó Jesus, vinde repousar em nossos corações, que vos amam, quando os que governam o mundo desprezam a vossa Lei, e maldizem o vosso Nome. Lembrai-vos de que somos vossos, e estamos consagrados à glória do vosso Coração Divino!
Vinde, ó Jesus, vinde repousar em nossos corações que vos amam, quando a multidão capitaneada por Lúcifer e seus sequazes assalta os vossos santuários e reclama o vosso sangue!… Lembrai-vos de que somos vosso e consagrados à glória do vosso Coração Divino!
Vinde, ó Jesus, vinde repousar em nossos corações que vos amam, quando milhões de cristãos, esquecidos da vossa adorável Pessoa, vos atravessam cruelmente com a espada da sua desdenhosa indiferença… Lembrai-vos de que somos vossos e consagrados à glória do vosso Coração Divino!
Vinde, ó Jesus, vinde repousar em nossos corações que vos amam, na hora em que tantos bons e virtuosos vos regateiam avaramente o seu amor, as suas confidências e o conforto que encontraríeis no seu espírito de sacrifício, na sua reparação… Lembrai-vos de que somos vossos e consagrados à glória do vosso Coração Divino!
Vinde, ó Jesus, vinde repousar em nossos corações que vos amam, quando vos oprime a infidelidade, vos amarga a tibieza das almas privilegiadas, que por vocação deviam ser inteiramente vossas, sendo santas… Então, como nunca, nesta hora de suprema desolação, lembrai-vos de que somos vossos… volvei a nós o vosso olhar aflito e suplicante; não vos esqueçais de que somos vossos filhos, consagrados para sempre à glória do vosso Coração Divino! Sobre o altar do nosso sacrifício, para vossa glória cantamos: — Viva o vosso Coração Sagrado, ó Mestre amantíssimo. Venha a nós o vosso Reino!…
(Se sentis remorso de alguma culpa íntima, dalguma recaída, dalguma falta de generosidade que sabeis feriu dolorosamente a Nosso Senhor, pedi-lhe um perdão generoso. Ele já sabe tudo, mas quer um protesto de amor e de sentimento).
(PAUSA OU CÂNTICO)
(Não canseis. Tornai a ouvir a voz do doce Mestre).
Jesus. — “Todo o meu desejo, filhinhos, é ver-vos gozar a minha vida. Dei – vo-la com o meu sangue e quero que a vivais. Dou – vo-la com o meu Coração: seja ele a vossa nova vida! Quero viver em vós, porque vós tendes necessidades de Mim, nas vossas fraquezas de consciência, na debilidade dos vossos propósitos, na inconstância do vosso amor!
Vinde, predestinados da minha Eucaristia: eu sou a fortaleza”.
(LENTA E PAUSADAMENTE)
Saboreai a minha vida: Eu vo-la comunico no meu Coração, para quando sentirdes o embate das tentações… Não descoroçoeis, não cedais às insinuações do inimigo da vossa salvação. Sede fortes, mantende-vos na minha graça, não fujais de Mim, para não vos verdes sós na luta pela paz da vossa alma… Vinde, vós, os predestinados da minha Eucaristia: Eu sou a recompensa. Eu sou a vitória…
Saboreai a minha vida: dou – vo-la no meu Coração. Dou – vo-la para quando +o assalto das criaturas Me vierem disputar o vosso coração, procurando inclinar-vos para a terra, para vos afastar do pensamento e do amor do vosso Deus. Desenganai-vos! Não deis ouvidos a este mundo sedutor e mentiroso. Resisti com valentia, e vinde, vós, os predestinados da minha Eucaristia… Eu sou o vosso único confidente, o vosso fidelíssimo amigo.
Saboreai a minha vida: eu vo-la dou no meu Coração, para quando o remorso, o peso dos vossos pecados, o conhecimento da vossa profunda miséria moral, vos acusar: para quando a ameaça da minha Justiça vos esmagar como montanha de vinganças. Alevantai-vos dessa prostração, não choreis sem esperança a queda da culpa! Pobres, enfermos, pecadores, vinde, sois sempre meus filhos da minha grande misericórdia! Vinde, sois os predestinados da minha Eucaristia… Eu sou o perdão de Deus, eu sou o Amor.
Saboreai a minha vida: dou- vo-la no meu Coração, para quando sentirdes pesar sobre o vosso as densas nuvens da tristeza e a amargura da dor… Como é triste, como é dolorosa e incerta a vida!… Não a maldigais; não desperdiceis o tesouro precioso das vossas lágrimas… não choreis sozinhos no desconforto dos vossos corações desolados… Vinde, sois os predestinados da minha Eucaristia, não tardeis… Eu sou o néctar e o bálsamo que sara todas as feridas… Eu sou o Consolador… chamo-me Jesus!
(PAUSA)
Ele dá-nos o seu Coração não só para se consolar… mas sobretudo para nos fortificar, infundir vida nova, mostrar-nos a sua grande misericórdia… Agradeçamos-lho, supliquemos-lhe que no-lo deixe em garantia de amor no tempo, na hora da morte e na eternidade.
(PAUSA)
As almas. — Graças, Senhor, Jesus, pela ternura misericordiosa com que prevenistes os nossos males e nos oferecestes o prodigioso remédio do vosso Coração… Graças, ó Jesus, pelo inconcebível cuidado que tomais pelos nossos interesses, quando nós merecemos a vossa indiferença, em castigo mesmo do nosso descuido e de tantas ofensas nossas… Graças, ó doce e bom Jesus do Tabernáculo!
Para vos testemunharmos o nosso reconhecimento, em compensação das nossas e das alheias ingratidões, nós queremos, durante esta HORA SANTA, nós os privilegiados do pequeno rebanho, queremos ocupar-nos, com desvelado amor, nos vossos mais queridos interesses… São tantos os conjurados que tramam a conspiração descida da blasfêmia, da negação pública e social da vossa Realeza!…
Numerosos são os culpados, ó Jesus, que vos condenam calando, já com o silêncio hipocrisia que desdenha pronunciar o vosso nome, já com o silêncio mais insultuoso e pungente, que finge nem sequer conhecer-vos no rosto… Têm a audácia de invocar motivos de justiça e paz social, ó Mestre amado, para exigir o vosso exílio, e decretar a vossa morte. Não, ó Soberano do Amor, mil vezes não! Aqui reunidos, como em um Cenáculo, vivificados pelo fogo do novo Pentecostes — o da Eucaristia, — nós protestamos contra este dissídio legal da nossa época; e inflamados no zelo da vossa glória, vos aclamamos Vencedor e Rei! Queremos o triunfo do vosso amor, prometido aos exércitos que combatem, clamando:
“Viva o Sagrado Coração”…
Nós não queremos outrem a reinar sobre nós, senão a vós só!
Aproximai-vos, Mestre divino, apertai mais os laços que nos unem convosco… recebei das nossas mãos o diadema que pretenderam arrancar-vos os soberbos que desconhecem os vossos direitos… Vil poeira, proclamam-se poderosos e imaginam-se superiores a Vós, porque vos injuriam no vosso aniquilamento e humildade.
Avançai triunfantes em meio desta assembléia fremente de irmãos… não escondais as chagas das mãos e pés… Não façais brilhar o vosso rosto, mostrai antes a vossa cabeça ensangüentada. Sobretudo, ó Jesus, não fecheis, antes deixai bem aberta à nossa vista, a profunda e celestial chaga do vosso peito…
Ó Rei de Amor, mostrai-vos coberto com a púrpura do vosso sangue e com o manto de ignomínia de todos os pecados dos homens, sem vos transfigurardes; mas tal como vos viu, ó Jesus, a noite de Quinta-feira Santa, noite de amor e de opróbrio… Aceitai Majestade adorada, o Hosana desta Guarda de Honra, que vela pela glória do seu Rei Divino — Cristo – Jesus!
(Todos repetem em voz alta as palavras em itálico)
Viva o vosso Sagrado Coração!
Os Reis e governantes poderão espezinhar as taboas da vossa lei. Mas, da altura dos seus tronos, tombarão no esquecimento; e nós, vossos súbditos, continuaremos a proclamar-vos nosso Rei!
Viva o vosso Sagrado Coração!
Os legisladores dirão que o vosso Evangelho é antiquado, e deve desaparecer para dar lugar ao progresso… Mas eles tombarão no esquecimento, e nós, vossos adoradores, continuaremos a proclamar-vos nosso Rei!
Viva o vosso Sagrado Coração!
Os maus ricos, os orgulhosos, os mundanos frívolos, julgarão ser doutros tempos a vossa moral, cujas intransigências, dizem, matam a liberdade de consciência… Mas eles tombarão no esquecimento, e nós, vossos filhos, continuaremos a proclamar-vos nosso Rei!
Viva o vosso Sagrado Coração!
Os ambiciosos, que para chegar a altos cargos e juntar dinheiro, prometem às nações uma liberdade falsa e uma grandeza fementida, chocarão com a pedra do Calvário, e da vossa Igreja! Tombarão no esquecimento, e nós, vossos apóstolos, continuaremos a proclamar-vos nosso Rei!
Viva o vosso Sagrado Coração!
Os arautos da civilização materialista, sem Deus e adversária do Evangelho, morrerão envenenados com as suas maléficas doutrinas… Tombarão no esquecimento, amaldiçoados pelos seus próprios filhos, e nós, vossos consoladores, continuaremos a proclamar-vos nosso Rei!
Viva o vosso Sagrado Coração!
Os fariseus, os orgulhosos, os impudicos, envelhecerão a meditar a ruína, mil vezes decretada, da vossa Igreja… Tombarão no esquecimento, e nós, vossos remidos, continuaremos a aclamar-Vos nosso Rei!
Viva o vosso Sagrado Coração!
Vivei no triunfo da Eucaristia e da vossa Igreja!
Viva para sempre o vosso Sagrado Coração!
(PAUSA E CÂNTICO)
Senhor, temos de vos deixar no Tabernáculo, confiado à adoração dos anjos e aos louvores da doce Virgem Maria… Nós vamos embora, Jesus, mas deixamos os nossos corações, embebidos na sagrada e celestial chaga do vosso Coração… Nesta noite, mais bela do que a aurora, permiti-nos uma súplica, ó Salvador, Irmão, Senhor, Amigo nosso: permiti-nos, ó Deus aniquilado, lembrar-vos tantos infelizes que não estão aqui, e vivem longe de vós, em culpável abandono.
(LENTA E PAUSADAMENTE)
Sois tão doce, Jesus Eucaristia! Enviai um raio de luz vitoriosa a tantos cegos que não querem ver as maravilhas do vosso amor, nem reconhecer que sois a Vida única e verdadeira… Fazei-o por amor da vossa Mãe e pelo vosso Sagrado Coração!…
Sois tão terno, Jesus Eucaristia! Dai a paz a tantos extraviados que a buscam nas alegrias do mundo sedutor, que lhes não vende senão lágrimas e morte. Sede a sua esperança: fazei-o por amor da vossa Santa Mãe e pelo vosso Sagrado Coração!…
Sois tão compassivo, Jesus Eucaristia: saciai a fome de amor, de amor imenso, que tem perdido tantos pródigos. Eles sofrem e enlanguescem, longe dos vossos altares, surgente única de felicidade! Apertai-os ao vosso peito para reconhecerem que só vós, ó Jesus, sois a Vida e Amor… Fazei-o por amor da vossa Santa Mãe e pelo vosso Sagrado Coração!
Sois tão amorável, Jesus Eucaristia: enxugai as lágrimas de desesperação daqueles que, suportando as cruéis desilusões da vida sem o socorro da vossa graça, têm envenenado a sua existência! Afastados das lágrimas do paraíso terrestre, mais longe ainda do paraíso eterno, estão mergulhados, pobres desgraçados, num abismo de dor!… Descei até esses infelizes, Jesus Eucaristia; procurai-os, ide-lhes ao encontro com as palavras de amor que fazem estremecer a terra, o mar, os céus; palavras de inefável júbilo, nas regiões da eternidade… Fazei-o, ó Jesus, por amor da vossa Santa Mãe e pelo vosso Sagrado Coração!
Que tenho eu, ó divino Prisioneiro, que vós me não tenhais dado?
Que sei eu que me não hajais ensinado?
Que valho eu, se não estou ao pé de vós?
Que mereço eu, se não estou a vós unido?
Perdoai-me os erros cometidos contra vós.
Pois me criastes sem eu o merecer.
Remistes-me sem eu o pedir.
Muito fizestes em me criar.
Muito mais em me remir.
E não sereis menos poderoso em me perdoar.
Pois o muito sangue que derramaste… a acerba morte que padeceste… não foi para os anjos que vos louvam… mas para mim e outros pecadores que vos ofendem.
Se vos neguei, deixai-me reconhecer-vos:
Se vos injuriei, deixai-me louvar-vos;
Se vos ofendi, deixai-me servir-vos.
Porque mais é morte que vida, a que não é empregada em vosso santo serviço…
(PAUSA)
(Lembrai-vos daqueles cuja conversão nos interessa deveras).
E agora escondei-nos no vosso Sagrado Coração como uma lágrima preciosa de vossa Mãe…
Não permitais que as criaturas triunfem da nossa debilidade e nos tirem deste paraíso… Chamai-nos, mandai-nos it ter convosco… E agora que conhecemos as belezas e riquezas do vosso Coração de Irmão, Amigo, Rei, nosso Deus, e Bom Jesus, queremos morar nele, sempre e para sempre! Escrevei sem demora os nossos nomes no vosso Coração adorável. Fazei-o, ó bom Mestre, enquanto estamos ao pé do vosso Tabernáculo Santo.
Senhor, fazei aos vossos filhos uma doce violência; conservai-nos em escravidão na cadeia do vosso divino Peito… lá viveremos da adoração e do amor; lá cantaremos as vossas misericórdias inefáveis por séculos dos séculos.
Adveniat regnum tuum!…
Um Padre Nosso e uma Ave Maria pelos agonizantes e pecadores;
Um Padre Nosso e uma Ave Maria pelo triunfo universal do Sagrado Coração, especialmente na Comunhão quotidiana, Hora Santa e Entronização do Sagrado Coração nos lares;
Um Padre Nosso e uma Ave Maria pelas intenções particulares dos assistentes;
Um Padre Nosso e uma Ave Maria pela nossa Pátria.
(LENTA E PAUSADAMENTE)
Senhor Jesus, estivemos aqui uma hora convosco no Getsemani do vosso Amor, e seremos felizes, encadeados para sempre ao vosso Tabernáculo… Ausentam-nos levando conosco a paz, uma grande paz, consolações divinas, e vida nova; e mais a satisfação de vos havermos dado, ó Mestre amantíssimo, a segurança consoladora de caridade, de reparação, de fé e de amor, que pedistes soluçando à vossa confidente Margarida Maria.
Acolhei, Senhor Jesus, doce e bom, as nossas preces derradeiras.
Coração agonizante de Jesus triunfai!… Sede a perseverança da fé e da inocência das crianças que vos comungam!… Sede o seu Amigo!
Coração agonizante de Jesus triunfai!… Sede o consolo dos pais nos lares cristãos, sede a sua vida!….
Coração agonizante de Jesus triunfai!… Sede o amor das multidões que sofrem… dos pobres que trabalham… Sede seu Rei!…
Coração agonizante de Jesus triunfai!… Sede a doçura dos aflitos e dos que choram… Sede o seu Irmão!
Coração agonizante de Jesus triunfai!… Sede a força dos tentados e dos fracos… Sede a sua vitória!
Coração agonizante de Jesus triunfai!… Sede o fervor e a constância dos tíbios… Sede o seu amor!
Coração agonizante de Jesus triunfai!… Sede o centro da vida militante da Igreja… Sede o seu lábaro vitorioso!
Coração agonizante de Jesus triunfai!… Sede o zelo ardente e conquistador de todos os apóstolos… Sede o seu Mestre!…
Coração agonizante de Jesus triunfai!… Sede na Eucaristia a santidade e o paraíso das almas… Sede o seu paraíso de amor, o seu tudo!…
E enquanto não chega o dia eterno e venturoso, em que cantemos as vossas glórias, deixa-nos, ó dulcíssimo Mestre, sofrer, amar e morrer sobre a celestial ferida do vosso Peito com este brado de vitória:
Adveniat Regnum tuum
Venha a nós o vosso Reino!
Acto de Consagração
Ao Sagrado Coração de Jesus e ao Puríssimo Coração de Maria
Dou e consagro ao Sagrado Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo o meu corpo, a minha vida, as minhas ações, penas e sofrimentos, para que tudo quando há em mim, se empregue só em O honrar, amar e glorificar. Tenho a firme resolução de me entregar a Ele sem reserva e de empreender tudo por seu amor, renunciando alegremente a tudo que possa desagradar-Lhe.
De hoje em diante sereis vós, ó Coração adorável, o objeto único do meu amor, o protetor da minha vida, a esperança da minha salvação, o remédio da minha fraqueza e da minha inconstância, o reparador de todas as minhas faltas, o meu seguro asilo na hora da minha morte. Reconciliai-me, pois, ó Coração bondoso, com vosso Pai, e defendei-me dos dardos da sua justa ira. Ó Coração amantíssimo, em vós ponho toda a minha confiança; a minha malícia e fraqueza são para mim justo motivo de temor, mas tudo espero da vossa bondade. Que o vosso sagrado fogo consuma em mim tudo quanto Vos desagrada, e estorva a livre ação da vossa graça. Que o vosso puríssimo Amor abrase tanto o meu coração, que não possa nunca esquecer-Vos, nem separar-me de Vós. Gravai em Vós o meu nome, pois o meu maior desejo é que toda a minha fidelidade e glória sejam viver e morrer como vosso escravo.
E vós, ó Coração de Maria, inseparavelmente unido ao de Jesus, meu desejo é que, depois de vosso Filho, ocupeis o primeiro lugar no meu coração, que desde já Vos ofereço e consagro. Sereis sempre o objeto da minha veneração, amor e confiança.
Procurarei conformar meus sentimentos e afetos com os vossos, e o estudo continuo da minha vida será imitar as vossas virtudes. Ó Mãe bendita, abri-me os vossos verdadeiros filhos e servos. Alcançai-me a graça de vos imitar, como vós imitastes a Jesus. Amparai-me nos perigos; consolai-me nas aflições; ensinai-me a tirar proveito dos bens e dos males desta vida; protegei-me sempre, particularmente na hora da minha morte.
Ó divinos Corações de Jesus e de Maria, a cujo serviço me consagro, fazei-me agora e sempre vosso verdadeiro filho. Amem.