Ao confiar à Irmã Maria Marta esta magnífica missão, agradava ao Deus do Calvário revelar à sua alma extasiada os inúmeros motivos para invocar as Chagas divinas, e também os benefícios desta devoção.
Todos os dias, a cada momento, para a impelir a ser uma ardente apóstola, Ele revela-lhe os inapreciáveis tesouros destas fontes de vida:
«Depois da minha Santa Mãe, nenhuma alma teve, como tu, a graça de contemplar, dia e noite, as minhas Santas Chagas. Minha filha, reconhece bem o tesouro do mundo!… O mundo não o quer conhecer. Quero que as vejas assim, para que compreendas melhor o que Eu fiz ao vir sofrer por ti.
Minha filha, todas as vezes que ofereceis ao meu Pai os méritos das minhas divinas Chagas, ganhais uma imensa fortuna. Sois semelhantes Àquele que encontrasse na terra um grande tesouro; mas, como não podeis conservar essa fortuna, Deus retoma-a, e a minha divina Mãe também, para vo-la tornar a dar no momento da vossa morte e aplicar os seus méritos às almas que deles têm necessidade, porque vós deveis fazer valer a fortuna das minhas Santas Chagas.
Não deveis ficar pobres, porque o vosso Pai é bem rico!… A vossa riqueza? É a minha Santa Paixão! Não vos deveis afastar dela. Deveis ir abastecer-vos constantemente ao tesouro da minha Paixão e às feridas das minhas Sagradas Chagas. Aquele que precisa, quer venha aqui; é o tesouro e a riqueza.
«Uma das minhas criaturas traiu-Me e vendeu o meu Sangue, mas tão facilmente o podeis resgatar, gota a gota, para purificar a terra!… Uma só gota é suficiente… e vós não pensais nisso!… Não conheceis o seu preço!…
Os carrascos fizeram bem ao abrir-me o Lado, as mãos e os pés, pois assim abriram fontes donde brotam eternamente as águas da minha misericórdia. Só o pecado que as causou é que deve ser detestado.
O meu Pai compraz-se na oferta das minhas Sagradas Chagas e das dores da minha divina Mãe. Oferecer as minhas Chagas ao Pai Eterno é oferecer-Lhe a Sua glória, é oferecer o Céu ao Céu.
Eis com que pagar por todos os que têm dívidas! Porque, ao oferecer ao meu Pai o mérito das minhas Santas Chagas, vós satisfazeis pelos pecados dos homens» ([1]).
Jesus insiste – com ela e conosco – para irmos a esse tesouro: «Deveis confiar tudo às minhas divinas Chagas e trabalhar para a salvação das almas, pelos seus méritos.»
Pede-nos que o façamos com humildade: «Quando as minhas Santas Chagas foram feitas, houve «vaidade» no homem, que julgou que elas terminariam. Mas não, elas serão eternas, e serão eternamente vistas por todas as minhas criaturas. Digo-te isto para que não as olhes por rotina, mas que as veneres com grande humildade.
A vossa vida não é deste mundo; tirai as Chagas de Jesus e tornar-vos-eis terrestres… Sois demasiado materiais para compreender todo o alcance das graças que recebeis pelos seus méritos… Não olhais bastante o Sol na sua plenitude… Os meus próprios sacerdotes não mostram bastante o Crucifixo: Desejo que Me honrem inteiro.
Não se deve temer mostrar as minhas Chagas às almas… O caminho das minhas Chagas é tão simples e tão fácil para ir para o Céu!»
Pede-nos que o façamos com corações de Serafins. Designando um grupo destes Espíritos angélicos que rodeavam o Altar, durante a Santa Missa, Ele disse à Irmã Maria Marta: «Eles contemplam a beleza, a santidade de Deus!… Eles admiram, eles adoram… eles não podem imitar. Quanto a vós, deveis sobretudo contemplar os sofrimentos de Jesus para vos conformardes com Ele. Deveis vir às minhas Chagas com corações bem quentes, bem ardentes, e fazer, com grande fervor, as petições para obter as graças que solicitais.»
Pede-nos que o façamos com uma Fé ardente: «Elas estão frescas, deveis oferecê-las como pela primeira vez.
Na contemplação das minhas Chagas encontrais tudo para vós e para os outros. Faço-tas ver para que entres nelas».
Pede-nos que o façamos com confiança: «Não te deveis inquietar com as coisas do tempo, minha filha; verás na Eternidade o que ganhaste pelas minhas Chagas.
As Chagas dos meus pés sagrados são um oceano. Leva-me lá todas as minhas criaturas; estas aberturas são suficientemente grandes para as abrigar a todas.»
Pede-nos que o façamos com espírito de apostolado, e sem nunca nos cansarmos: «É preciso rezar muito para que as minhas Santas Chagas se derramem no mundo.»
Diante dos olhos da vidente, das Chagas de Jesus partiram, um dia, cinco raios luminosos, cinco raios de glória que envolveram o globo.
«As minhas Santas Chagas sustêm o mundo.
Deveis pedir-me a perseverança no amor às minhas Chagas, porque elas são fonte de todas as graças. É preciso invocá-las muitas vezes… levar o próximo a elas… Falar delas e insistir muitas vezes, para imprimir essa devoção nas almas…
Será preciso muito tempo para estabelecer esta devoção, trabalhai nesse sentido com coragem.
Todas as palavras ditas a respeito das minhas Santas Chagas dão-me uma grande satisfação, uma satisfação indizível!… Conto-as todas.
Ainda que haja quem não queria vir às minhas Chagas, tu deves, minha filha, fazê-los entrar a todos.»
Um dia em que a Irmã Maria Marta sentia uma sede ardente, o seu bom Mestre disse-lhe: Minha filha, vem a Mim, e dar-te-ei uma água que te dessedentará! No crucifixo há de tudo: Tendes com que vos dessedentar – há para todas as almas!
Minha filha, quer o que te abasteças nas minhas Chagas para dar aos pequenos.
Tendes tudo com as minhas Chagas! Elas fizeram obras sólidas, não pelo gozo, mas pelo sofrimento.
Sois obreiros que trabalhais no campo do Senhor: Com as minhas Chagas ganhais muito e sem fadiga.
Oferece-Me as tuas ações e as das tuas Irmãs, unidas às minhas Santas Chagas; nada as pode tornar mais meritórias, nem mais agradáveis aos olhos: Há nelas riquezas incompreensíveis, mesmo nas mais pequenas».
É bom assinalar que nas manifestações e confidências de que acabamos de falar, o Divino Salvador não se apresenta sempre à Irmã Maria Marta com o conjunto das Suas Chagas adoráveis; por vezes mostra-lhe apenas uma.
Foi assim que um dia lhe descobriu o Seu pé direito, dizendo: «Como deves respeitar esta Chaga e esconder-te nela como uma pomba!»
Outra vez, fez-lhe ver as Sua mão esquerda: «Minha filha, vem buscar à minha mão esquerda os meus méritos para as almas, para que elas estejam à minha direita na Eternidade… As almas religiosas estarão à minha direita para julgar o mundo, mas antes, pedir-lhes-ei contas das almas que deveriam ter salvo.»
([1]) Todas estas frases foram pronunciadas em distintas ocasiões, especialmente no ano de 1868. Umas vezes Nosso Senhor dirige-se apenas à Irmã Maria Marta, e outras – através dela – à Comunidade e a todos os fiéis.