A água e o sangue emanado da chaga do lado de Cristo na sua crucifixão é considerado pelos santos Padres e teólogos como fonte perene que corre do alto da Cruz através da Igreja, nos sacramentos do Batismo e da Eucaristia.
A todos atinge, porque foi derramado por todos. Sua finalidade é purificar e santificar as almas sedentas de salvação, aplicando-lhes em medida cada vez mais rica, a graça da redenção, até que esteja consumada a sua transfiguração em Cristo, ao menos, na hora da morte. O Cântico da Pós-Comunhão da Missa do Preciosíssimo Sangue nos exorta, em virtude do Sangue de Cristo, recebido na Missa como penhor de redenção, a estarmos preparados para a sua vinda, no fim dos tempos. “Assim Cristo, depois de se ter oferecido uma só vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá, segunda vez, não mais para expiar o pecado, mas para dar a salvação aos que O esperam” (Hebr. 9,28).
A todos nós assiste, pois, a obrigação de testemunhar por nossa vida litúrgica, unida sempre mais estreitamente à Santa Missa e aos sacramentos, que o sangue de Cristo não é derramado em vão. Se Jesus Cristo, por amor de nós, se tornou “esposo de sangue” (Exod. 4,26) a alma devotas, eternamente reconhecida, nada deveria tanto ambicionar do que compartilhar das dores do divino esposo e acompanhá-lo como “esposa de sangue” no caminho doloroso do Calvário. Às sete efusões do sangue de Cristo, derramado: na Circuncisão, no horto das Oliveiras, na coluna da flagelação, na coroação de espinhos, no caminho da cruz, na crucifixão e na abertura do lado, são provas evidentes da sua amizade para com os homens. “In finem dilexit eos” – tendo amado os seus, que estavam no mundo, até o fim lhes dedicou extremado amor (Jo.13,1). Diz o profeta real: “O senhor é cheio de Misericórdia e nele há copiosa redenção” (Salmo 129). “Eu vim, dissera em vida, para que as ovelhas tenham vida e a tenham em abundância” (Jo. 10,10).