Os pecadores

Postado dia 26/02/2016

 

Quando a comunidade se inclinou perante os pedidos de Nosso Senhor sobre estes dois pontos, Jesus não cessou os Seus apelos. Pelo contrário, Ele mostrou-se cada vez mais insistente em apresentar as Suas Chagas como fontes de graças para os pecadores, e como lições eloqüentes para as almas religiosas:

«Há muito – continua Jesus – que Eu desejo ver-vos distribuir os frutos da minha Redenção! Vós fazeis agora o que eu quero para a salvação do mundo. Por cada palavra que pronunciais da COROA DA MISERICÓRDIA, Eu deixo cair uma gota do meu Sangue sobre a alma dum pecador.

Os homens calcam aos pés o meu Sangue; quero que vós, minhas esposas, Me ameis e trabalheis por meu amor.

Se, com todas as riquezas de que estão cheias as minhas Chagas, vós não aproveitásseis, seríeis bem culpadas!…

As almas que não veneram as minhas Santas Chagas e que, pelo contrário, as ridicularizam, essas almas Eu rejeito-as.

Os pecadores desprezam o Crucifixo: Eu tenho paciência, mas virá um dia em que Me vingarei.

Vem com o teu Coração, minha esposa, vem com o teu coração bem vazio, porque Eu tenho com que o encher: Vem à conquista das almas.» – E mostrando-lhe, no mundo, uma grande quantidade de pecadores: «Mostro-tos para que não percas tempo».

Em tempo de Quaresma ou de Retiros, a visão de Jesus sofredor durava por vezes dias inteiros:

«Minha filha, sofri tanto por uma só alma como por todas em conjunto… A Redenção foi abundante!» – E o Sangue redentor corria a jorros das feridas adoráveis, e Jesus murmurava com amor: «É o Sangue do teu Esposo!… do teu Pai!… É pelas vossas almas que ele foi derramado! Só Eu podia ter derramado assim o Sangue divino!… Minha filha, Eu sou o teu Esposo! Sou todo teu pelas almas!…»

Às vezes, ela via a Justiça de Deus irritada, prestes a cair sobre o mundo: «Não Me implores, quero castigar», dizia Cristo na Sua indignação. «O mundo, para ser regenerado, teria necessidade duma segunda Redenção». O Pai Eterno, intervindo, declarava: «Eu não posso dar o meu Filho uma segunda vez». Mas a nossa Irmã compreendia que, pela oferta repetida das Santas Chagas, nós podíamos obter essa Redenção. À medida que as oferecia, ela via a cólera divina transformar-se «numa doçura de graças que se espalhavam pelo mundo».

«Minha filha – dizia, uma outra vez, o Senhor Jesus – , é preciso alcançar a palma da vitória: Ela provém da minha Santa Paixão… No Calvário, a vitória parecia impossível e, no entanto, foi daí que resplandeceu o meu triunfo. Desejo que constantemente tireis proveito da minha Redenção pela correspondência às minhas graças, que tantos homens desprezam…»

Nosso Senhor apavorou-a, dando-lhe uma visão da Sua Justiça, irritada pelos pecados dos homens… Então, transtornada, exclamou, humilhando-se profundamente: «Meu Deus, não olheis para a nossa miséria, mas sim para a vossa misericórdia.» – E recomeçava a acalmar o Salvador, multiplicando as invocações às Santas Chagas.

«Oferece-mas muitas vezes para Me obter pecadores, encorajava o bom Mestre, porque tenho fome das almas!…»