Na Idade Média, a devoção ao Sagrado Coração era praticada nos conventos por um número restrito de pessoas, sendo que a partir de São João Eudes (1601-1680), podemos dizer que a devoção ao Sagrado Coração teve sua primeira grande difusão entre o povo cristão.
Entretanto, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus tal como hoje é praticada, devido às revelações de Nosso Senhor a Santa Margarida Maria Alacoque,
em Paray-le-Monial, na França, em fins do século XVII, momento em que apresentou à santa suas promessas. Nosso Senhor nos mostra a infinidade de seu amor por nós, e de maneira particular a importância da consagração a Ele e contém ainda a determinação de reparar os ultrajes de que Ele é objeto por parte dos homens.
No século XVII, a França era sacudida por épocas turbulentas, com crises no campo político, religioso, econômico e social, onde havia uma grande hostilidade à Igreja tendo em vista a perspectiva do pecado, momento em que havia uma dualidade entre os jansenistas, que eram rígidos, puritanos, de coração estreito e mente pequena, amedrontados diante de um Deus severo e castigador, e em contraposição os libertinos da época com sua pratica oposta davam à época um aspecto sombrio, marcado pelo pecado, materialismo, descristianização e pagão. Entretanto, em contraposição a esses extremos, o Sagrado Coração de Jesus vem se mostrar em sua infinita misericórdia, bondade e amor por todos nós.
Neste contexto, Santa Margarida Maria Alacoque é escolhida por Deus para revelar ao mundo o Coração de Jesus, sob uma nova perspectiva como assinala Pe Roque Schineider SJ: “ o amor não correspondido, que pede desagravo, reparação de todos os fiéis, à luz da misericórdia de Jesus Cristo, o redentor, enviado pelo Pai para salvar e não para condenar.”
Assim ensina João Paulo II na Mensagem do Santo Padre aos peregrinos reunidos em oração no Santuário de Paray Le Monial (França) : “Depois de São João Eudes, que nos ensinou a contemplar Jesus, o coração dos corações, no coração de Maria, e a fazer com que amássemos estes dois corações, o culto prestado ao Sagrado Coração expandiu-se sobretudo graças a Santa Margarida Maria, religiosa da Visitação em Paray-le-Monial”.
Neste mesmo sentido continua o Beato João Paulo II: “Queridos Irmãos e Irmãs, contemplemos o Sagrado Coração de Jesus, que é fonte de vida, porque por seu intermédio se realizou a vitória sobre a morte. Ele é também fonte de santidade, porque nele é derrotado o pecado, que é inimigo da santidade, inimigo do progresso espiritual do homem. No Coração do Senhor Jesus, tem início a santidade de cada um de nós. Aprendamos deste coração o amor a Deus e a compreensão do mistério do pecado –mysterium iniquitatis. Façamos actos reparadores ao Divino Coração pelos pecados cometidos por nós e pelo nosso próximo. Reparemos pela recusa da bondade e do amor de Deus. Aproximemo-nos todos os dias desta fonte de água viva. Invoquemos com a mulher samaritana: «dai-nos desta água», porque ela dá a vida eterna. Coração de Jesus, fornalha ardente de caridade,
Coração de Jesus, fonte de vida e de santidade,
Coração de Jesus, propiciação pelos nossos pecados – tende piedade de nós. Amém.